Durante o ano de 2011 acompanhamos vários eventos culturais em nossa cidade e região. Exposições, lançamentos, eventos literários, teatro, dança, entre tantos outros. Alguns eventos pequenos e heroicos realizados pelos próprios artistas sem apoio, sem financiamento e outros tendo por trás grandes instituições, nomes locais e até nacionais.
A presença e a adesão do público sempre deixaram a desejar, salvo raras exceções. Os eventos mais bem sucedidos em relação a público foram aqueles que contemplavam algum tipo de premiação. Os demais ficaram restritos aos grupos de artistas com seus amigos e familiares.
Onde estamos errando?
O que causa essa distância e falta de interesse por parte do grande público?
Tenho certeza que não é a falta de talento ou de propostas e trabalhos interessantes, quem participou dos eventos esse ano teve a oportunidade de compartilhar de bons momentos e apreciar boas obras nas diversas áreas.
Talvez a falta de apoio, divulgação ineficiente que não consegue atingir e despertar aqueles que estão fora do circuito cultural. Isso não é uma deficiência local, infelizmente a cultura em nosso país nunca foi devidamente valorizada.
Não vamos perder tempo e divagar sobre as estatísticas desastrosas e desestimulantes da área cultural, nosso tempo deve ser utilizado tentando achar soluções e novas maneiras de atrair o grande público.
O que pode ser feito?
Como superar a falta de apoio e recursos?
Todos sabem da dificuldade em realizar eventos culturais sem apoio, o pobre do artista tem que se virar, bancar gastos, pensar na divulgação, produzir suas obras, fazer contatos entre tantas outras funções que um evento demanda. E caso consiga realizar toda essa proeza, corre o risco da frustração, de um evento sem público, sem mídia, etc.
Uma solução seria a união desses talentos que atuam isolados, união essa que não é fácil, mas quando acontece alcança bons resultados.
Percebo também que mesmo que tudo isso fosse solucionado, nos faltaria um pouco de ousadia. Novos formatos mais instigantes, provocativos e em locais inusitados. A arte pede doses de transgressão, só assim conseguiremos despertar nas pessoas a reflexão, para que entendam as propostas e adquiram o hábito de apreciar tais eventos. Não é apenas o público que tem que sair desse “raso” e buscar a profundidade, artistas, gestores culturais e organizadores também precisam passar por esse processo.
De qualquer maneira todos os esforços realizados merecem aplausos e estão contribuindo para essa mudança e para a aproximação do grande público.
Que em 2012 o mundo não se acabe, que as parcerias sejam fortalecidas, que nossa mídia que só vive de escândalos comece a divulgar boas iniciativas e principalmente que nossa arte venha recheada de transgressões, provocações, inteligência e que consigamos traduzir toda essa complexidade de forma simples ao nosso desejado grande público.
E que tal começarmos a dar sugestões e buscar saídas para a mudança desse cenário em nossa região? Deixe a sua.
Alexandre Malosti
7 comentários:
Caro Malosti, muito boa sua dissertação sobre o assunto em relação a baixa frequência de público nos eventos culturais. Mas tem uma questão que é fundamental e básico, EDUCAÇÃO! Precisa-se ter um trabalho de formação de público, eu e até você mesmo, conhecemos pessoas que nunca foram num teatro,falando da minha área. E qual a razão? Não foram educados para isto. A base da formação do ser humano é por exemplos, a criança aprende "imitando" os pais. Como os pais também já não "aprenderam" a valorizar a cultura e foram induzidos a acharem que o que é bom é o comercial, eles repassam isto aos filhos e acaba virando nesta bola de neve que gera o abismo que você relata. Acredito também que a cultura tem que se dinamizar e se reinventar, como você mesmo disse, ser mais ousada, mais impactante como forma de direcionar o foco do público. Porém creio que isto sirva para este público que já está ai. Mais acredito que devamos, nós artistas, partirmos para formação de público, criando eventos voltados a jovens e crianças, fazendo que esta faixa etária conheça o que é arte e tome gosto por ela. Em 2012, vamos por a mão na massa? Abraços amigo...
Salve "Tangrans"...
Falou e disso, Malosti e Bertholli. Creio que enquanto não houver uma valorização da educação, a arte sempre será um evento destinado à poucas e seletas pessoas. Seria necessário mostrar ao grande público que a arte não é só "produto" ou de "estética pessoal" mas que ela reflete a vida (ou pode refletir uma parte) de cada um que toma contato com ela.
Grande Bertholli... vc tem toda razão... a raíz do problema vem da educação... da má formação. Para 2012 precisamos elaborar em nossa cidade programas e projetos voltados para formação desse público.... Vamos colocar isso como um desafio para a Confraria do Coreto.... paralelamente continuaremos com projetos culturais (para o pequeno publico que já existe)... se ocnseguirmos isso faremos a diferença.... Abraço e obrigado pelo comentário....
É isso ANÔNIMO .. rs (quem és tu:????) ... arte é mais que estética..... essa sensibilidade, essa percepção que tem que ser desenvolvida..... Abraços e obrigado pelo comentário...
Salve Malosti!
Primeiramete parabéns pelo post e pela discussão proposta.
Concordo em grande parte com a opinião do Bertholi, de que a questão do público está atrelada em grande parte a formação; educação.
Mas existem muitas pessoas que simplesmente não se sentem motivadas a ir a um evento cultural, refiro-me ao público que surge em eventos que concedem premiações. São pessoas, que geralmente tem esta formação cultural, mas carecem da motivação. Pergunto-me, por quê?
É quando chamo atenção para algumas palavras de Malosti, com as quais concordo plenamente, a busca ousada por novos formatos, talvez esta seja um dos caminhos.
É isso ai Rafael Martins... precisamos ousar.... Premiações são um afago para o ego.... consequentemente o homenageado chama amigos, parentes... etc.. e o evento lota..... Precisamos fazer desse público admiradores da arte, da cultura.... sair do ego.... Abraços e obrigado pelo comentário...
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